Edificando uma Família - As mudanças da adolescência

  Somente o fato de ser adolescente já é uma mudança, estamos deixando a infância. O corpo e o cérebro mudam, a percepção do sexo oposto muda, o cheiro debaixo do braço muda, os órgãos sexuais mudam e ficam peludos, a pele muda e pode aparecer espinhas e até alergias, mas as mudanças que trarão mais dificuldades para os jovens adolescentes são as mudanças psicológicas e sociais.

 Adolescentes e os problemas mais frequentes!

 Ao buscar sua própria identidade o jovem correrá muitos riscos, inclusive o de se apropriar de uma identidade errada. Ao assistir um filme de ação é comum os adolescentes (meninos e meninas) se projetarem no personagem e imitar seus gestos, manias e roupas, mesmo que seja algo errado ou até imoral, essa rebeldia está na essência do jovem, juntamente com o desejo de mudar as coisas. Muitas vezes assumindo posturas que não poderão sustentar por muito tempo, mas isso é normal, porém em outros casos escolhem voltar um pouco mais atrás, até a infância. Tudo isso faz parte da construção de sua identidade, e uma identidade nunca estará completa se faltar o "código do Eu como gestor" de mim mesmo, segundo Cury gerenciar as próprias emoções "é o código que nos posiciona como administrador dos sentimentos, gerenciador da insegurança, dos temores, dos medos, das angústias, do humor triste, do ciúme, da agonia, da aflição". Quando desenvolvemos esse código conseguimos ter lucidez e controle emocional, ganhamos, não qualidade de vida, mas uma vida de qualidade, prazer no simples, deleite no cotidiano, desfrutar a existência, mas infelizmente as emoções não são importante para as escolas, porém nós como família devemos trabalhar isso com nossos jovens na construção de sua identidade.

 Segundo Les Parrott esta é a fase de maior "tensão e confusão para muitos jovens". Concluindo que a maioria dos problemas enfrentados estão relacionados à falta de experiência, mas que "há pelo menos cinco fatores habituais que podem exacerbar ou criar grandes conflitos". Que são:
 Mudanças Físicas - Uma adolescente que teve o desprazer de menstruar pela primeira vez quando estava na praia com amigos, sabe bem do que estou falando. Acordar com aquela super-espinha no nariz, bem no dia da apresentação do trabalho de ciências, é um desastre. Sentir-se espremido dentro do uniforme, que parece encolher a cada dia. A voz falhar bem na hora que você vai falar com "aquela" garota. Seios crescendo, cabelos surgindo pelo corpo, o cheiro começa a ficar estranho após algumas horas sem banho, a pele fica mais oleosa. Nessa fase da vida, que muitos pais já nem se lembram mais, a usina produtora de hormônios está à todo vapor, desencadeando "uma série de eventos psicológicos que precedem a idade adulta, a criança dócil pode se transformar num adolescente bravo e revoltado" diz Les Parrott.
 Mudanças Sexuais - "Tanto os rapazes como as moças têm necessidade de se examinar num espelho e observar as transformações do rosto, sentem-se mudar e ficam desorientados". afirmou Wallon. "Quando o corpo do adolescente começa a assumir a forma característica de seu sexo, ocorre uma mudança no comportamento, no pensamento e nos processos psicológicos" sinalizou Les Parrott. O menino assume a figura masculina difundida social e culturalmente, comparações com os colegas (barba, cabelo na perna, gogó, tamanho do pênis, etc), ereções em público podem constranger muito os jovens, ir ao banheiro com os amigos também não é mais tão legal. Enquanto a menina tem outras preocupações, pois as mudanças em seu corpo geralmente veem acompanhadas de dores (menstruais, nos seios, de cabeça, etc), descontrole no peso e no humor. É comum, nessa idade confundir emoções e transitar nas extremos - em um dia ama, no outro odeia, hoje é a melhor amiga, amanhã já é inimiga. Com tantas possibilidades de mudanças, logicamente que muitos conflitos (internos / externos) acontecerão e os pais precisam estar atentos para auxiliar nessas horas.
 Mudanças Sociais - A principal mudança dessa fase, independente da classe social, é o relacionamento familiar. O jovem, buscando se firmar, tentará se desvencilhar da família, principalmente da mãe, chegando muitas vezes a levantar o tom de voz com ela, também haverá aumento dos conflitos domésticos e diminuição de gestos de carinho, não significando "que os sentimentos tornaram-se necessariamente negativos e sim que a mudança passa de uma condição muito positiva para uma menos positiva" diz Parrott, então vale apena investir no relacionamento familiar e social, pois, segundo Piaget & Inhelder "tanto o aparecimento do pensamento formal quanto a idade da adolescência em geral, isto é, a integração do indivíduo na sociedade adulta, dependem dos fatores sociais, tanto e até mais do que dos fatores neurológicos".
 Mudanças Religiosas - Como tudo está mudando, você não achou que a religião iria passar ilesa por essa fase. Né? Eles questionam tudo, tudo mesmo! E a religião até esse momento de suas vidas era algo a ser seguido e não entendido, mas ao entrar na fase "operatório formal" começa a ter pensamentos lógicos e para acreditar em algo, isso tem que fazer sentido, "a tendência geral do adolescente para construir e utilizar as ideologias de seu ambiente [...] o adolescente constrói teorias, isso se explica porque, de um lado, tornou-se capaz de reflexão e, de outro, porque sua reflexão lhe permite fugir do concreto atual, na direção do abstrato e do possível"  segundo Piaget & Inhelder. Quando questiona é com sincero desejo de entender, é querer desenvolver uma teoria e uma fé própria sobre Deus e não aquela recebida dos pais.

No Reino Espiritual os opostos se atraem?

 Mudanças Morais -  O desejo de mudar as coisas, de se aventurar no novo é uma moeda de duas faces, um lado é marginal e o outro é honrado, segundo Wallon "é preciso utilizar esse gosto de aventura [...] para ajudar a criança a fazer sua escolha entre os valores em presença, que podem ser por vezes valores criminosos, mas também valores sociais, valores morais". Sem as regras claras da infância o jovem precisa de princípios morais que o norteie. Les Parrott cita cinco "mudanças básicas" na consciência do adolescente, que transcrevo a seguir:
 * Mais abstrata e Menos concreta;
 * Mais preocupada com o que é certo e não com o que é errado;
 * Mais cognitiva e menos emocional;
 * Mais altruísta e menos egocêntrica;
 * Mais disposta a refletir sobre questões morais.
 Mais atento ao grupo do que a si mesmos, eles são capazes de entender a moralidade social, mesmo com tanta incoerência dos adultos, chegam a se sacrificar pelo grupo. É notório que muitas pessoas não alcancem o nível de moralidade esperado pela sociedade e acabam se tornando adultos problemáticos socialmente, já outros, ainda que tardio, conseguem fazer a transição.
 Segundo Les Parrott todas essas mudanças "afetam a luta do adolescente pela identidade e podem provocar outras complicações e problemas". Não é por que na adolescência o jovem é problemático que será assim a vida toda, Dér & Ferrari afirmam que "a tomada de consciência temporal de si transforma profundamente a inteligência e a pessoa do jovem e torna-o acessível a certos raciocínios de moralidade, a certos modos de conhecimento que o induzem a buscar as leis que fazem as coisas existir".

 A liderança de Jesus!

 Não desista do seu adolescente de "estimação", cada ser humano é único e insubstituível. Eu fui um adolescente muito problemático, me envolvi com drogas ilícitas, sexo precoce e muitas outras rebeldias, mas minha mãezinha continuava orando pela minha vida, até que um dia Jesus me encontrou e me salvou. Costumo dizer para o meu público que se eu tive jeito, todo mundo tem!

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Fonte:
 Mahoney A.A; Almeida L.R de. Henri Wallon: Psicologia e Educação. São Paulo: Edições Loyola, 2000.
 Cury A. O código da Inteligência: A formação de mentes brilhantes e a busca pela excelência emocional e profissional. Rio de Janeiro: Ediouro & Thomas Nelson Brasil, 2008.
 Les Parrott. Adolescentes em Conflito: Os 36 problemas mais comuns na adolescência. Um guia prático para pais e educadores; tradução Denise Avalone. São Paulo: Editora Vida, 2003.
 Parra N. O adolescente segundo Piaget: Série cadernos de educação. São Paulo: Pioneira, 1983

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