Crianças e seus cuidados! (Parte 1)


 Segundo os resultados apresentados no Censo demográfico de 2010 realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) a população evangélica teve um crescimento espetacular no Brasil, se comparados ao Censo de 2000, que registrou 15,4% da população como evangélica, enquanto que no Censo de 2010 esse grupo religioso subiu para 22,2% da população brasileira. Sendo 60,0% pentecostais, 18,5%, evangélicos de missão e 21,8%, não determinados. Vale registrar que em 30 anos o percentual de evangélicos mais que triplicou, passando de 6,6%, em 1980, para os 22,2% apontados em 2010, sendo o grupo religioso que mais cresceu no Brasil no período, alcançando a marca de 42,3 milhões de brasileiros.
 Leia aqui: Crianças e seus cuidados - Parte 2
 Os evangélicos pentecostais é o grupo que concentra a maior quantidade de pessoas (60.0%), e desses 63,7% tem rendimento mensal domiciliar per capita na faixa de até 1 salário mínimo. O Censo registrou também que no Brasil vive uma população de crianças e adolescentes (0 a 14 anos) de aproximadamente 46 milhões, o que totaliza 24,1%, sendo que 7,5% apresenta algum tipo de deficiência, ou seja, requerem algum tipo de cuidado especial. As projeções do SEPAL (Serviço de Evangelização da América Latina) estimam que em 2015 os evangélicos chegaram à 53 milhões e segundo um relatório do Instituto Hello Research que ouviu 1000 pessoas em 70 cidades brasileiras, 25% declaram-se evangélicas, aumentando, estatisticamente, 2,8% em 5 anos.
Com um crescimento tão expressivo da população evangélica, devemos nos preocupar com o tipo de ensinamento e os cuidados que são difundidos para as crianças que frequentam essas igrejas, segundo Mednick, há pesquisas que relacionam preconceito racial extremo nos indivíduos, ao sofrimento e severas punições que estes foram submetidos na infância (MEDNICK, 1969: p.61). De acordo com o pesquisador, pode acontecer o que a psicologia chama de “Generalização do Estímulo e Deslocamento da Emoção”, o pesquisador nos dá exemplo de um menino que ao chegar a casa grita com a irmãzinha, depois de escutar silenciosamente uma severa reprimenda do professor na escola, (que poderia ser um pastor ou padre)[1] fazendo a transferência da reação, de um alvo original para outro mais acessível ou mais seguro (MEDNICK, 1969: p.58).

Tendo em vista todos os males que uma criança pode sofrer e carregar por toda a vida em sua personalidade, refletindo em seu comportamento social, afetivo e comunitário, contribuindo para a construção de conceitos e valores errados, pois sabemos “que, por volta de cinco a seis anos, as crianças ainda definem os conceitos” (PIAGET, 1967: p.19) ainda que recebam conceitos diferentes dos pais em casa, a imaturidade infantil e o poder de convencimento do adulto tem uma força enorme de moldar o caráter do pequeno (PIAGET, 1967: p.25). Identificamos nesse fato a necessidade de saber quem está “cuidando” de nossas crianças.
Diante das evidências citadas acima por esses renomados pesquisadores da psicologia infantil, de que a criança sofre total influência do meio e do adulto, define-se o problema para a pesquisa, descrito da seguinte forma:
Os professores da educação infantil da Igreja Redentor de Campos dos Goytacazes/RJ possuem capacitação pedagógica para esse serviço?
1.2 Objetivo Geral
Sabendo o quão as crianças são influenciáveis e submissas à ação do adulto, essa pesquisa objetiva investigar se os professores (as) designados pela Igreja Redentor de Campos dos Goytacazes em 2017 são capacitados para esse tarefa executada durante os cultos.
1.3 Objetivo Específico
            A partir desse questionamento, o presente trabalho se propõe a fazer as seguintes análises:
·                     Averiguar quais são os critérios de seleção utilizados pela Igreja Redentor para nomear os professores (as) que lecionam durante os cultos, para as crianças de Zero a Onze anos (0 a 14 anos) e se as pessoas selecionadas são capacitadas para a faixa etária citada;
·                     Verificar se os professores (as) nomeados pela Igreja Redentor são formados em licenciatura;
·                     Identificar se a Igreja Redentor oferece algum treinamento específico para esses professores (as);
·                     Confirmar se as crianças são classificadas de acordo com sua idade.
1.4 Justificativa
            Com o crescimento numérico das igrejas e a multiplicação de fiéis – que geralmente tem mais de um filho - somado ao tempo que essas crianças permanecem expostas aos cuidados dos professores (as) indicados pelas igrejas, considera-se de vital importância uma base teórica / prática em psicologia infanto-juvenil e conhecimentos pedagógicos para administrar grupos de jovens, principalmente nessa faixa etária, sob o risco de provocar danos irreversíveis ao desenvolvimento dessas crianças. Outro motivo que torna a pesquisa relevante é identificar os critérios e exigências que balizam o funcionamento dessas classes infantis durante os cultos religiosos, tais como:
Espaços físicos, incluindo parâmetros para assegurar higiene, segurança, conforto;
• Número de crianças por professor;
• Proposta pedagógica;
• Atendimento ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
1.5 Metodologia
            Para atingir os objetivos propostos nesse estudo de caso vamos utilizar da pesquisa documental e bibliográfica. Catalogando os documentos da Igreja Redentor, referentes ás crianças, para identificar quais foram os professores (as) que lecionaram para esse grupo em 2017. Após essa fase, a equipe de professores (as) será entrevistada pela equipe de pesquisa, onde serão apresentados os comprovantes de sua formação e de treinamentos dos quais tenha participado. Na sequencia esses documentos serão analisados e validados pela equipe de pesquisa, seguindo critérios do Ministério da Educação para trabalho com crianças nessa faixa etária. Delimitando a pesquisa ao ano de 2017, há a possibilidade de que tais critérios não tenham sido seguidos em anos anteriores ou nos subsequentes.
Tomaremos como referenciais teóricas para essa pesquisa os estudiosos da psicologia e da pedagogia Piaget, Jean; Wallon, Henri; Mednick, Sarnoff A; Parrott, Les.

Parte 2:
https://lidermatuto.blogspot.com.br/2018/03/criancas-e-seus-cuidados-parte-2.html




[1] Nota dos autores da pesquisa.

 KLAI FERREIRA


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