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Crianças e seus cuidados! (Parte 3)

 Queremos destacar que o desenvolvimento das funções cognitivas infantil é caracterizado por etapas que se sucedem, como afirmou Piaget (1967, p. 98), “só as últimas (a partir de 7-8 e de 11-12 anos) marcam o término das estruturas operatórias ou lógicas”; todas essas etapas se orientam nesse sentido: lógico. E o desenvolvimento não ocorre sem o “processo de equilibração”, que distingue “as estruturas lógicas e pré-lógicas relacionadas, essencialmente, com o caráter”. Então, ao expor a criança à ambientes coletivos ou individuais disformes, estamos imprimindo marcar profundas nesses jovens. Ao resumir a questão, Piaget (1967, p. 98) escreveu que “as estruturas lógicas são prefiguradas em todos os níveis por estruturas mais frágeis, mas que lhes são parcialmente isomorfas e que constituem seus esboços”.



Quando está passando do estágio infantil para a adolescência, é comum a criança questionar a tradução literal da Bíblia, e neste momento a pressão social para que o jovem siga a fé cegamente tem o potencial de gerar conflitos internos, familiares e com a comunidade religiosa a qual os pais pertencem, para Parrott (2001, p. 352), eles passam a confiar mais no raciocínio lógico do que naquilo que aprenderam dos pais, e “as sementes da dúvida são normalmente plantadas” no início da fase lógica, esses conflitos reafirmam o que dizia PIAGET sobre o processamento de novas informações pelo indivíduo, polo mecanismos de assimilação e acomodação.
“De modo geral, o equilíbrio das estruturas cognitivas deve ser concebido como compensação das perturbações exteriores por meio das atividades do sujeito, que serão as respostas a essas perturbações” (PIAGET, 1967, p. 104).
Piaget (1967, p.119) pontua que a ação intervém na lógica, mas “necessita reservar uma parte para o fator social”, já que, “o indivíduo nunca age só, mas é socializado” em diferentes graus. E que o princípio da contradição coordena as ações “de uma verdadeira obrigação coletiva, pois é sobretudo frente aos outros que somos obrigados a não nos contradizermos”.
“Assim, se dizemos um dia o contrário do que dissemos na véspera, ser-nos-ia fácil esquecer essa contradição, se nossos parceiros sociais não nos abrigassem a escolher e a permanecer fiéis às afirmações escolhidas” (PIAGET, 1967, p. 119).
Essas contradições podem impactar fortemente a personalidade das crianças quando iniciarem na fase do pensamento lógico, pois nessa fase não aceitarão facilmente a religião, Deus, livros sagrados, supertições e outras crenças que aderiam passivamente na infância, mas que a partir do início da adolescência querem se descolar desses conceitos dos adultos. Essa postura ficou bem nítida em protestos organizados por jovens contra a postura das igrejas cristãs frente à suas ideias de aborto, sexo sem compromisso e relações homoafetivas, noticiados amplamente pela mídia e pelas redes sociais.
“Em alguns casos o desacordo entre as aspirações dos jovens e o meio acaba por levar à formação de grupos hostis à ordem constituída, como os que se organizam para fazer pichações ou buscam distração praticando uma série de depredações como forma de contestação” (FERRARI; DÉR, 2008, p. 64).
Parrott (2003) entende que a assimilação acontece quando o indivíduo tenta unir a nova informação com conhecimentos dominados, enquanto que a acomodação está mais relacionada com novos conceitos, sendo estes discordantes das concepções atuais, lembrando-nos que isso geralmente acontece com os conceitos sobre Deus, gerando desgaste para o jovem ante o grupo religioso, social e familiar, e que se não for administrado adequadamente pode gerar sentimentos de culpa e de revolta já no pré-adolescente. O psicólogo pontua que “consequências negativas, entretanto, também resultam da pressão do grupo. Largar a escola, experimentar drogas, racismo e pequenos furtos são apenas alguns exemplos” (PARROTT, 2003, p.352).
Ao pesquisar o aprendizado infantil aplicado à informática em psicopedagogia, Mendes (1996) identificou resultados semelhantes aos apontados pelo psicólogo J. Piaget.
“Os desequilíbrios solicitam reorganizações internas por um processo de abstração reflexiva (quando passa do plano motor para o plano simbólico, isto é, para a tomada de consciência). Podemos, então, considerar como mecanismos do processo de equilibração” (MENDES, 1996, p.137).
Teóricos da psicopedagogia evidenciam que o meio molda a criança, daí a necessidade de conhecê-lo profundamente, antes de inserir o pequeno neste ambiente, segundo Wallon (1975a, p.167 apud Amaral, 2008, p. 53): “Os meios onde a criança vive e os que ambiciona são o molde que dá cunho à essa pessoa. O meio de que depende começa certamente por dirigir suas condutas, e o hábito precede a escolha”. Para Piaget (1967), a criança centraliza tudo em si mesmo (pensamento egoísta), sem se dar conta, sente-se “inferior ao adulto e aos mais velhos que imita”. O psicólogo suíço destaca que “os três fatores clássicos do desenvolvimento são a hereditariedade, o meio físico e o meio social” e que “não há ação do meio que não vá se inserir nas estruturas internas”.
“Levando-se em conta, então, esta interação fundamental entre fatores internos e externos, toda conduta é uma assimilação do dado a esquemas anteriores (assimilações a esquemas hereditários em graus diversos de profundidade) e toda conduta é, ao mesmo tempo, acomodação destes esquemas à situação atual” (PIAGET, 1967, p. 95).

 Leia aqui: Crianças e seus cuidados - Parte 2

 Parte 2 disponível em: https://lidermatuto.blogspot.com.br/2018/03/criancas-e-seus-cuidados-parte-2.html?m=1
 Autores:

 KLAI FERREIRA




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